Perdoar é difícil aos que nos magoam ou nos fazem sofrer. O perdão verdadeiro, não o "social", dificilmente ocorre de pronto! Ele brota da gradativa compreensão que a experiência de vida nos trás em relação à nossa condição humana. O entendimento de que somos todos iguais, cheios de limitações, anseios e finitos! E, principalmente, de que invariavelmente também magoamos e fazemos sofrer a outrem.
Para perdoar é preciso coragem para admitir nosso potencial natural de causar mal e sermos humildes para reconhecermos nossos próprios erros sem, porém, nos martirizarmos com culpas perpétuas arrastadas em "sacolas de pedras" por todo o caminho. Cada um faz o melhor que pode, com a bagagem que possui! Seja ela genética, social, cultural, psicológica, espiritual... Esta conciência nos proporciona tolerância e nos faz humanos.
Também é necessária boa dose de paciência. Queremos perdoar e nos perdoar, mas "não agora"! Há ressentimentos, ainda, dos quais conscientes ou inconscientemente nos negamos a descartar. A raiva e o medo precisam de tempo para serem processados. Tempo para dissipar o sentimento interno de vingança, esta vilã que só nos aprisiona e nos faz ficar rígidos. Tempo que faz cair no esquecimento a situação sem que deixe de passar pela mente, no entanto, o enfrentamento do ato de perdoar. Caso contrário, de forma ou outra a situação novamente se nos depara mais adiante. Como disse Martin Luther King Jr "o perdão não é um ato ocasional; é uma atitude permanente".
A gratidão e a compaixão que advem do coração de forma genuína também nos ensina a perdoar. Um monge zen chamado Ryokan escreveu há dois séculos passados: "A lua na minha janela, o ladrão a deixou ali". Suas poucas posses haviam sido roubadas, as coisas temporais, as que envelhecem ou se perdem. O eterno e valioso permanece (a lua).
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