As meninas de minha infância e início de adolescência todas tinham seus livrinhos de poesisas ou, como algumas chamavam, livrinho de recordações. Levávamos a preciosidade por onde íamos sempre a oferecer aos amigos e parentes para que deixassem um recadinho. Professores, pequenos pretendentes e mesmo padres também grafaram em pouco de si no papel. O meu, de capa verde e dura com letras douradas (Recordações), me foi dado de aniversário de dez anos por um tio e primos, nos idos de Santo Ângelo. Lá, em suas páginas já amareladas, dormem mensagens pueris, poeminhas inocentes, conselhos afetuosos, frases ilárias que a memória sabe de cor. No entanto, a ternura, simplicidade, meiguice e amor do recado de meu pai ficou registrado forever na ponta da língua. Recito pra mim mesma quando triste ou carente(rsss) e de imediato aqueço o coração:
L INDA FLOR QUE DO BOTÃO SAI
I GUAL AS MINHAS OUTRAS FLORES
A MA SEMPRE TEU PAPAI
N UNCA ESQUEÇAS POR ONDE FORES
A MAMÃE DE TEUS AMORES
2 comentários:
Que boa época em que as meninas cultivavam as coisas do coração em seus livros de poesia, se entendiam de menos e amavam mais.
Lianinha, eu lembro sempre, e tenho sempre na ponta da língua também. Ele escreveu para ti, mas eu sempre soube que era endereçado a todas as suas flores.
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