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terça-feira, 24 de maio de 2011

Minha irmã é uma artista!


         Éramos meninas ingênuas e cheias de sonhos. Dividíamos os mesmos quartos por anos. O mesmo pequeno ropeiro (que mais tarde alongou-se), os mesmos pingos de chuva no telhado de zinco a embalar nosso sono, as mesmas vozes aconchegantes que adentravam pela abertura da porta sem porta onde uma curtina leve abrigava nossa intimidade vulnerável.
        Juntas "decorávamos" nosso pequeno mundo sem que eu me lembre de uma só discórdia. Bonecas disputando espaço com algum batom ou brinco em cima da cômoda antiga e enorme. Lembro como me eram pesadas e difíceis as três gavetas onde guardávamos nossas poucas roupas, sempre bagunçadas. Nas paredes fazíamos colagem de estampas de artistas famosos e belos, recortados das revistas "Cruzeiro", "Fatos e Fotos", "Contigo"...  O mesmo gosto musical, as confidências sobre namoros platônicos, os anseios e curiosidades acerca de sexo. Assunto velado, tabu. Não havia informaçao! Ela sempre mais esperta e ligada me passava algumas que aprendera na escola, com as amigas, é claro! Apenas um ano e meio de diferença de idade e, no entanto foi, de certa forma, minha mãe-amiga.  Diferença esta que por um curto tempo separou nossos interesses. Foi ela quem descobriu abismada que eu não enxergava de um olho, quando deitávamos com os pés pra cima (na parede) para apreciar nossos "artistas" e eu quis brincar de "adivinhar com o olho que vê menos"!  Eu sempre mais "lenta" e pateta a imitei em algumas coisas. Com ela tive vontade de desenhar e de escrever. Eu os tenho ainda hoje, mal traçados. Os dela: perfeitos, feitos como se fosse uma brincadeira como mostra o vídeo do cubo (acima). Já era uma artista! Brincávamos na rua em frente ao sobrado ao cair da tarde: pega-pega, ovo-podre, polícia e ladrão, esconde-esconde. Os mais velhos sentados à porta descansando das tarefas do dia em uma roda de chimarrão. Televisão (que pegava muito mal) só em horário restrito. Entre uma brincadeira e outra com os amigos da rua eu me entristecia ao ver a pobrezinha da Lúcia debruçada na janela com seus longos cabelos negros e olhos redondos só nos observando: a avó não permitia que "suasse" depois do banho. E veio a surpresa: "fiquei moçinha", não podia mais correr como um moleque quando aconteciam "as regras". Então ela me explicou melhor a estória da "semetinha": - Haaa! Entendi! E começei a gostar de me enfeitar, dando mais atenção e tempo aos belos vestidos que a mãe costurava com dedicação e habilidade pra nós. Os meus sempre azuis, os dela, rosas. Íamos faceiras à missa nos domingos com a família (era praxe) e, enquanto a "Susi e o Blim-blim" ficavam mais tempo solitários, passeávamos no Centro, no cinema "Cisne" e na "Wiskeria". Ela tinha muitas amigas. Eu, tímida, as contava nos dedos e ficava enciumada por vezes, em especial no período em que ainda não tinha idade o suficiente para as "reuniões dançantes". Ela gostava de usar o que a vó chamava de "corpinho". Eu odiava, como ainda hoje. Me sinto "encilhada"!    
            Crescemos. Foi a primeira a saber de minha "primeira vez" e, mais tarde de minha primeira"sementinha". Me apoiou nas quedas, me xingou nos erros! Riu e chorou comigo. Eu "perua". Ela sofisticada. É verdadeira e íntegra, busca o que quer sem medir esforços. É leal e justa. Guerreira foi testada nas adversidades da vida e exclamou num misto de indignação e tristeza: "- A vida não está aí para os nossos quereres! " Ainda assim seguiu em frente, mais frágil, mas em frente! Artista, nem se dá conta que sua conduta inspira e me auxilia  em ir em frente em minhas adversidades e teimar em dizer Sim quando a vida diz Não!
            Obrigada!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Trinta Anos "sem" Bob Marley

http://www.youtube.com/watch?v=wxYM3TxnjMs&feature=player_detailpage

     "Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida".  -  Robert Nesta Marley,  ícone do reagge que pregava a paz pelo mundo, a justiça social e a defesa dos oprimidos ainda hoje simboliza o protesto, a emancipação e a liberdade para muitos. De origem humilde nasceu em 06.05.1945 em um país pobre (Jamaica) e faleceu em 11.05.1981, em Miami (Flórida), vítima de um câncer, com apenas 36 anos. Foi adepto do rastafári, religião que mescla profecias bíblicas, filosofia naturalista e orgulho negro, tendo a maconha como parte da liturgia, que tanto contagiou sua música. Em 1976 teve de sair de seu país após sofrer um atentado, represália política às letras de suas músicas que denunciavam a pobreza, a exploração e a miséria. Casou-se com Rita Marley  com quem teve quatro de seus doze filhos (dois deles adotados), os renomados Ziggy e Stephen Marley, que continuam o legado musical de seu pai na banda Melody Makers. Kymani Marley e Damian Marley (conhecido como Jr. Gong) também seguiram os passos do pai.

   Em 1977 Bob soube que sofria de uma espécie de câncer de pele (melanoma maligno) que se desenvolveu sob sua unha do pé. Recomendado a ter o dedo amputado,  recusou-se devido aos princípios rastafáris pelos quias "médicos são homens que enganam os ingênuos, fingindo ter o poder de curar". Além disto a amputação afetaria profundamente sua carreira e as apresentações justo na época em que se encontrava no auge e, assim, a doença foi mantida em segredo do público. O câncer espalhou-se para seu cérebro, pulmão e estômago e durante uma turnê no verão de 1980, em Nova York, decidiu ir para Munique para finalmente tratar-se com um especialista. Mas já era tarde! Após cerimônia digna de "chefe de estado", foi enterrado 
em Nine Mile, perto de sua cidade natal, com sua guitarra favorita, uma Fender Stratocaster vermelha. Bob Marley tem mais de 200 milhões de álbuns vendidos - Divulgação
                 "Meus pés são minha única carruagem
                 Portanto, tenho que ir em frente
                 Mas quando eu estiver indo, eu quero dizer
                 Tudo  ficará bem."       (No woman no cry)
A 30 años de la muerte de Bob Marley
"Eu tenho muitos rios para atravessar,
Mas pareço não conseguir encontrar meu caminho para o outro lado.
Vagueando, estou perdido enquanto viajo ao longo
Dos penhascos brancos de Dover.
Muitos rios para cruzar, e é apenas minha força de vontade
Que me mantém vivo.
Eu tenho sido surrado, derrotado durante anos e
Eu meramente sobrevivo por causa de meu orgulho..."
(Many rivers to cross)
                  " Se Deus criou as pessoas para amar, e as coisas para cuidar. Por que amamos as coisas e usamos as pessoas!"
              "Os ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que
aprendemos a amar...
            Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para sempre..."